Manuel Arruda da Câmara: o iluminista que inscreveu Itambé no mapa histórico e turístico do Brasil
A pequena cidade de Itambé-PE carrega um nome de peso na sua história: Manuel Arruda da Câmara. Médico, botânico, naturalista e intelectual iluminista, ele foi o fundador, em 1796, do Areópago de Itambé, considerado por muitos historiadores como a primeira loja maçônica do Brasil. Mais que uma sociedade discreta, o Areópago tornou-se símbolo da difusão de ideias libertárias e republicanas, colocando Itambé no centro de debates que estremeceram o Brasil colonial.
Nascido por volta de 1752, na então Capitania da Paraíba, Arruda da Câmara estudou na Europa e absorveu as ideias da Revolução Francesa. De volta ao Brasil, conciliou sua paixão pela ciência, com expedições botânicas pelo Nordeste e publicações sobre agricultura e flora, com um engajamento político que incomodou a Coroa portuguesa.
Hoje, o nome de Arruda da Câmara é parte essencial da memória e identidade turística de Itambé. O município preserva o sítio histórico do Areópago, que, mesmo sem sua construção original intacta, é lembrado como o local onde intelectuais e líderes políticos se reuniam para discutir liberdade e independência.
As narrativas sobre o primeiro núcleo maçônico do país são exploradas em eventos culturais, roteiros de turismo histórico e ações de valorização da memória local. Visitantes interessados em história encontram em Itambé um ponto singular de conexão entre o ciclo das revoluções pernambucanas, o Iluminismo e a botânica brasileira.
Além do Areópago, a cidade oferece ao visitante um conjunto de elementos que compõem a experiência patrimonial:
- Igreja Matriz de Nossa Senhora do Desterro, marco religioso e arquitetônico.
- Fazendas históricas que guardam traços do período colonial.
- Festas culturais, como o Cavalo Marinho Boi Maneiro, que misturam tradição e identidade regional.
O legado de Arruda da Câmara vai além dos livros e manuscritos, muitos deles perdidos. Ele vive na memória oral, nas atividades escolares, nas pesquisas acadêmicas e nas ações de turismo cultural de Itambé. A cidade, ao preservar e divulgar sua história, transforma o passado em ferramenta de desenvolvimento, atraindo visitantes e fortalecendo seu papel como guardiã de um capítulo importante da história brasileira.
Raphaela César.